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Antônio Januzelli

Janô

 

 

A Presença do ator no palco ou do homem na vida tem a ver com 

pressão arterial e pressão de corpos. Ator, o homem que exercita 

tornar-se outro, outros. Quem sabe, se der tempo, todos os homens. 

Mas não dá tempo. A vida é pé de vento. Valère Novarina, teatrólogo

francês diz "que será preciso que um dia um ator entregue seu corpo 

à medicina, pra que se saiba enfim, o que acontece ali dentro, quando 

se está atuando. Pra que se saiba como (esse) outro corpo é feito... 

Não se sabe ainda. Será preciso abrir. Quando ele está atuando".

Temos o privilégio, como ofício, de participar dessa cirurgia, que ocorre 

durante o laboratório dramático no processo de criação do ator, quando 

as transmutações emergem.

 

Nossa criação em teatro é centrada na figura do ator. Um dos princípios que 

a regem é estabelecer uma maior proximidade física do ator frente ao seu 

espectador. Não é o ato de representar que nos instiga, mas o exercício do 

expor-se desse homem-ator como indivíduo. Esse exercício exige dele uma 

preparação mais profunda, exigente, responsável, para que consiga estar 

aberto como ser e assim atingir o seu observador sob a forma mais humana 

possível. Busca-se no desempenho desse homem que se expõe a plena 

porosidade da pele.

 

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